sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Capítulo 6 - Viagem ao Passado


    Droga!
    A mulher ia falar, quando tudo desapareceu! Como eu posso desvendar isso se não consigo ouvir o que ela diz? Isso vai ser ainda mais complicado do que eu pensei.
    Levantei-me da cama, e para minha surpresa havia uma carta sobre a mesa. Ela dizia:

    Delia,
    Christine nos liberou da missão, por enquanto. Fomos ajudar Aurich com suas obrigações e seu trabalho. Não pense que está por conta própria, mas isso é apenas por algum tempo.
    Isso é pelo seu próprio bem, e pelo bem da equipe. Voltaremos mais fortes do nosso "retiro" e prontos para lhe ajudar.
    Estaremos de volta em alguns dias.

    Até logo.

Kath, Mia, Anna, Nick e Will.

    Que estranho. Christine não os liberaria de uma missão, sendo que é praticamente uma corrida contra o tempo.
    Olhei novamente a máscara e tive uma ideia: colocá-la uma terceira vez. Afinal, mal não faria se eu tentasse novamente, não é?
    Vamos ver se funciona...
    Esperei por alguns segundos e nada aconteceu. Tirei-a do meu rosto e analisei cada detalhe. Percebi que faltava alguma coisa... O diamante!, pensei. Ele não estava mais lá. O pequeno diamante preso na região da testa da máscara não estava mais lá. Alguém o havia arrancado.
    Procurei por todo o lugar, embaixo das camas, nas cômodas e em qualquer lugar imaginável. Até que... encontrei uma abertura no teto. Era a porta de um sótão. Vi que havia uma corda fina, desgastada pelo tempo, quase arrebentando e resolvi puxá-la. A porta cedeu e a escada para o sótão desceu.
    Lá estava escuro e empoeirado. Pelo pouco que podia enxergar, notei que em cima de algumas coisas, havia um pano branco por cima. Reitrei-o e ele revelou uma caixa. Ela estava vazia e parecia ser mais funda do que aparentava. Coloquei a mão dentro, e para meu espanto, ela sumiu. Era um portal que se revelava. Temerosa, pensei em que lugares ele levaria e quais seriam suas consequências. Não importa, vou entrar. Já passei por coisas piores do que isso.
    Pulei. Parecia que eu estava caindo do alto de um prédio. Eu caía em círculos e não enxergava nada. Era uma velocidade extrema, eu acabava sentindo vento no rosto.
    Caí bruscamente no chão. Ao me levantar da relva, vi um palácio enorme, assim como o que Aurich havia me mostrado. Na verdade, era ele mesmo. Ao seu redor, havia um jardim lindo, cheio de flores, árvores frutíferas e arbustos. Aproximei-me do portão. Nele havia as iniciais:

I P

    O que significaria isto?
    Abri o portão e adentrei o terreno. Vi algumas crianças saindo do palácio correndo e rindo. Tentei esconder-me, mas para minha surpresa, quando elas passaram por mim, elas me ultrapassaram. Literalmente.
    Aliviada, cheguei mais perto da construção e vi alguns escritos gravados na porta:

Residência Ivanov Paraskevi

    Aquela era a residência de meus pais. Meu pai tinha o sobrenome Ivanov e minha mãe tinha o sobrenome Paraskevi. Meu pai retirou o sobrenome Ivanov e colocou o de minha mãe.
    Adentrei a casa e ouvi uma melodia. Consegui identificar uma música vinda de um piano. Ela me era familiar.
    Segui o som e vi uma moça de idade em torno de 15 anos tocando o piano com uma maestria, que só poderia ser reproduzida por um profissional. Não pude reconhecer aquela moça.
Um homem se aproximou dela e ela parou.
    - Não consigo mais tocar como antes. - A moça falou. - Delia e Nikolai gritam e correm, acabam por me atrapalhar.
    - Isso não é problema, querida. - Ele deu um sorriso. - Devemos nos preocupar com a segurança de seus irmãos, Irina.
    As duas crianças entraram no castelo e correram para o que eu acho que era, uma sala de estar.
    - Kristina e Vanya estarão bem, assim como Delia e Nikolai. - Anna olhou para as crianças que corriam. - Você disse um dia que Delia seria importante para nosso povo. Como assim?
    O homem pareceu se preocupar.
    - A anciã falou que coisas horríveis aconteceriam com a nossa família. Disse que uma maldição recairia sobre nós e seria lançada por um traidor.
    - Diga o resto, papai. - Irina pediu
    -  Não posso dizer mais nada, Irina. Você precisa saber que eu dei a coroa para Delia por apenas um motivo. - Ele estava desesperando-se. - Coisas tenebrosas vão acontecer com você e seus irmãos, apenas um vai restar, e será ela.
    - O que vai acontecer? - A porta irrompeu e dois homens entraram no castelo.
    - PRENDAM-OS! - Um deles gritou.
    - Corra e pegue seus irmãos. Chame sua mãe e leve todos à Colina de Bordeaux. Ficarão seguros lá. - Ele virou-se, puxou uma espada e começou a lutar com os homens.
    Irina pegou as duas crianças e duas outras garotas um pouco mais novas que ela, em torno de 12 ou 13 anos. Chamou uma mulher de 30 anos mais ou menos e correu para o lado de fora.
    Segui-os até o campo verde de uma colina, todos alvoroçados e com medo.
    - Por quê aqueles homens entraram em nossa casa? - o garotinho perguntou.
    - Eu não sei, Nick. Nós teremos que esperar papai aqui. - Irina disse.
    A garotinha ao seu lado ia chorar, mas a mulher de 30 anos pegou-a no colo e a tranquilizou.
    - Acalme-se. Vai ficar tudo bem. - Ela disse.
    Fez se um silêncio na parte de baixo da colina. Tudo havia acabado. Vi que, entre a névoa que se formara, saia uma sombra de três pessoas.
    Isso não poderia ser bom.
    Eram os mesmos homens que eu vira no castelo, mas estavam com mais alguém. Era... meu pai? Ele era o homem que havia falado com Irina?
    Ele estava acorrentado e os dois homens o seguiam atrás.
    - Iris - Papai disse. - Você sabe para onde ir.
    Iris correu para longe, segurando a mão da garotinha, ou melhor, eu. Ela estava chorando. Talvez soubesse o que iria acontecer. Entramos em um portal e saímos em uma colina, que coincidentemente se chamava Colina de Bordeaux.
    Tudo mergulhou em um silêncio profundo até nós chegarmos à um chalé, que eu reconheci como minha casa atual (em Nuvia).
    - Delia, vai ficar tudo bem. Papai e Mamãe vão voltar, apenas não sei se... eu e os outros vamos. - Uma lágrima rolou pela sua face. - Sempre vou estar com você.
    Ela deixou uma foto em minha mão e me mandou entrar na casa. Meus pais chegaram logo depois, com lágrimas nos olhos e muito arranhados. Eu sabia o que havia acontecido. Só não queria que tivesse.
    Meus irmãos haviam morrido.
    Pelo menos, foi o que eu pensei.

Nenhum comentário:

Postar um comentário