quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Capítulo 9 - A Chave de Valliers


    - Delia. - Alguém me chamou. - Delia acorde.
    Abri lentamente meus olhos. Sentia meu corpo leve, quase etéreo. Eu sabia que estava dormindo, mas era como se esivesse acordada, pois sentia cada músculo de meu corpo, cada respiração e cada batimento cardíaco.
    Olhei para a figura mascarada. Tinha os cabelos ruivos, os olhos azuis e pele pálida. Sua cintura era fina e tinha uma delicadeza extrema Ela carregava uma coruja-de-igreja em seu ombro.
    - Você precisa vir. - Disse ela em um sussurro. - É algo muito importante.
    - O paradeiro da Chave. - Falei. Ela apenas assentiu, parecendo preocupada de que alguém nos visse, sempre olhando para os lados.
    - Vamos. - Ela puxou meu braço com força. - Vou levá-la até ela.
    Ela me conduziu até uma gruta estranha, com luzes penduradas no teto e flutuando pelo ar. Lá era frio, mas não o suficiente para acabar congelando.
    - Não temos muito tempo. - Disse a mascarada com a voz trêmula. - Temos que achar antes que eles nos encontrem.
    Eles? Mais uma vez essa história de eles?
    - Sei que você está desconfiada, mas já vou lhe esclarecer.
    - Chega de tanto mistério! Revele quem você é!  - Disse eu impaciente.
    Ela hesitou por um instante, parecendo tremer. Ela tirou a máscara e entrei em choque ao descobrir quem era.
    - Eu sou Kristina, ou melhor, Christine, sua irmã.
    - CHRISTINE?! - Recuei alguns passos. - Como você é minha irmã se seu sobrenome é Gautienne?
    - Tive que mudar de sobrenome para proteger você. Se descobrissrm que eu sou sua irmã, coisas ruins podem acontecer com nós duas.
    - E o resto da família. Irina, Vanya e Nikolai? O quê aconteceu com eles?
    - Estão bem. - Ela pareceu se tranquilizar um pouco. Christine olhou para os lados apreensiva. - Não há tempo para explicações. Vamos procurar a chave.
    Vasculhamos toda a gruta, entre as pedras, entre as coisas lá deixadas, mas não encontramos nada. Até que vimos alguns escritos na parede da gruta.
Se esperto você for, a chave você irá encontrar.
    Havia um desenho com um círculo e dois traços saindo deste. Só pode ser!
    Encostei minha mão na parede, logo em cima do desenho, e ele começou a brilhar. Uma chave prateada saiu da parede e veio em minha direção, e pousou levemente em minhas mãos. Uma voz ecoou pela gruta.
    Você conseguiu o primeiro objeto da Maldição, mas não pense que vai facilitar. Os desafios ainda mais difíceis vão ficar.
    Logo após isso, a gruta começou a tremer. Pedras caíam do teto e estavam começando a bloquear a saída.
    - Corra! Vamos embora daqui! - Gritei.
    Corremos para longe do fundo da gruta, chegando a tempo de sair de lá sãs e salvas.
    - É melhor voltarmos. Foi uma noite longa.
    Voltamos um pouco antes do sol nascer, chegando na hora dos primeiros raios solares. Christine mandou a coruja-de-igreja para longe, provavelmente mandando-a para seu ninho.
    - Por quê você escondeu esse segredo por tanto tempo de mim? - Perguntei hesitante.
    - Como eu disse antes, eu tive que proteger você. As vezes, mudar o sobrenome pode salvar a sua vida. - Disse ela. Eu havia notado há pouco tempo que seu cabelo havia parado de mudar de cor. - Vou deixar você descansar. Até mais.
    O sol surgiu e Christine desapareceu.
   

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Capítulo 8 - O Desfiladeiro Garras de Prata


    Era noite quando chegamos ao Desfiladeiro. Agora eu entendia o porquê do seu nome: à luz da Lua seu gelo ficava prateado, e sua forma era de uma garra.
    Lá era frio, mas por ter sido criada em um lugar frio, não sentia nada.
    - Quem é você? - Perguntei. - Por que estamos aqui?
    - Você não precisa saber quem eu sou, mas é necessário que você saiba o motivo pelo qual estamos aqui. - Disse ela calmamente. - Viemos para cá, pois está havendo uma Revolução combinando o Mundo Humano e Imperius. - Imperius era nosso mundo mágico. - Alguns dos humanos descobriram o portal para o nosso mundo, e agora querem tomar nossos poderes à força. Devo lhe contar que a Caverna de DeepVale está na região de Vero.
    - Onde fica isso?
    - Fica ao norte de Héron e ao sul de Sofer. Lá foi lançada a maldição, mas a Caverna está sendo guardada por humanos, que cobiçam suas forças mágicas.
    - Mas qual o motivo que você me trouxe para cá? - Disse eu.
    - Aqui está um dos objetos da quebra da maldição: a Chave de Valliers.
    - E o quê a Chave faria?
    - Ela vai abrir a porta para a Caverna. Assim você estará se aproximando cada vez mais da quebra da Maldição.
    - É melhor nós irmos. - Disse eu. - Já é noite, e estou preocupada com os que deixamos na caverna.
    - Mais uma coisa. - A anciã olhou para mim. - Um dos seus companheiros é mais próximo do que parece.
    - Como assim? - Perguntei.
    - Você vai descobrir. - Ela falou com um ar misterioso.
    Então um nome ressoou na minha cabeça.
    Kristina... Kristina... Christine!
    Christine! É isso!
    - Christine é minha irmã! - Gritei. - Mas no quê isso vai nos ajudar? - Automaticamente muitas dúvidas começaram a se formar em minha cabeça, mas a que martelava mesmo era: Por quê Christine nunca dissera que era minha irmã mais velha?
    - Isso vai ser importante em um desafio que virá pela frente. - Disse ela. - Porém você ainda não está pronta para enfrentar seu destino. Teremos que conseguir a chave de Valliers antes.
    - Em qual lugar do Desfiladeiro iremos conseguir a chave? - Perguntei.
    - Não é exatamente no Desfiladeiro que vamos encontrar a chave. Estamos no lugar correspondente ao Himalaia. Este desfiladeiro é um portal para o Mundo Humano, e vai ser lá que pegaremos a Chave.
    - No Himalaia. Pegaremos a Chave no Himalaia. - Repeti incrédula. - Sem chance! Ouvi dizer que muitos morreram ao tentarem subir uma de suas montanhas. Como nós faremos isso?
    - Humanos subiram e morreram. Não esqueça que somos criaturas mágicas. Podemos voar, nos teletransportar e sobreviver as temperaturas mais altas ou até mesmo as mais baixas. Nada vai acontecer conosco.
    - Iremos amanhã de manhã. - Disse eu. - Estou um pouco cansada, então já vou dormir. Boa noite.
    Tive uma noite agitada e com sonhos estranhos. Apenas um deles foi importante para mim.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Capítulo 7 - A Volta à Caverna


    Acordei atordoada na minha cama. Aquilo fora só um sonho, ou uma experiência real?
    Eu estava um pouco surpresa e triste com tudo o que havia acontecido. Era um misto de sentimentos e dúvidas que eu sofria naquele momento. Como eu acordei aqui, se eu não havia passado pelo portal? Como meus irmãos morreram e meus pais não?
    Eram tantas perguntas que se formavam na minha cabeça e que provavelmente não seriam respondidas...
    Saí da cama e fui procurar Christine. Ela saberia o que fazer. Encontrei-a conversando com um segurança na frente dos portões do Refúgio.
    - Christine! - Corri até ela. - Posso falar com você por uns instantes?
    - Claro, querida.
    Puxei ela para longe do guarda.
    - Descobri algo sobre mim. - Sussurrei.
    - Que bom! Conte-me.
    - Descobri que eu tinha irmãos, e que, bem... eles foram mortos.
    - Que horror! - Ela pareceu um pouco nervosa. - Acho que eu ouvi o alarme tocando, é melhor você voltar para casa.
    - Christine, o quê está acontecendo?
    - Nada. - Ela era um poço de nervos. - Está tudo bem!
    - Hum... Ok, então... Nos falamos depois.
    Havia algo estranho acontecendo. E eu iria descobrir!

***

    Voltei para casa relutantemente. Sabia que o alarme não havia soado e que ela não estava falando a verdade. Por que será que mentiria assim?
    Ouvi um barulho seguido de um brilho. A máscara prateada estava se movendo e brilhando. Eu sabia que deveria colocá-la. Ouvi novamente a musica a capela.

"A Máscara Prateada vai lhe ajudar
Se ela você colocar.
As mascaradas querem lhe mostrar
O passado e como o futuro pode mudar.
A Garota da Marca é a única que pode nos salvar
Você é esta garota, então é melhor começar!"

    Coloquei a máscara em meu rosto e novamente encontrei-me na mesma caverna de antes. A anciã recomeçara a falar.
    - Uma menina, da nossa espécie, irá quebrar essa maldição que nos inferna. Ela terá a marca da lua, será uma estranha, vinda de um lugar distante. Dois objetos a ajudariam a quebrar, e seria no mesmo lugar em que a maldição fora laçada: a Caverna de DeepVale. Ela é localizada na região de... - A anciã calou-se abruptamente. Do lado de fora, barulhos de tiros eram emitidos. Podíamos ouvir gritos e víamos pessoas correndo e muitas delas caindo no chão. - Escondam-se!
    Todos correram para o fundo escuro da caverna e encolheram até ficarem do tamanho de uma mosca. Lembrei-me que li no diário de Elizabeth que eu poderia mudar meu corpo para o tamanho ou cor que quisesse. Fechei os olhos e concentrei-me em encolher meu corpo.
    Os humanos invadiram a caverna, procurando por algo ou alguém. Gelei até o último fio de cabelo, pensando que eu era a procurada.
    Temos que ir ao Desfiladeiro Garras de Prata.
    Olhei para trás e a anciã olhava fixamente para mim, mas com um olhar calmo e gentil.
    - Dê-me a sua mão. - Estendi minha mão o mais rápido que pude para a mulher, e apenas com um piscar de olhos, nos encontramos em um lugar totalmente diferente. O Desfiladeiro Garras de Prata.
    E eu tinha a sensação que eu já estivera lá em um passado distante.