quinta-feira, 29 de maio de 2014

Capítulo 4 - Confusão no Ginásio.


    O sinal tocou finalizando a aula e nos liberando para o almoço.
    Queria saber o que o que ele queria me falar, bom, seria um mistério até que eu chegasse na cantina.
    Cheguei lá curiosa, quebrando a cabeça sobre o assunto. O que seria algo tão importante que alguém queira falar comigo?
    Sentei a sua frente, com minhas dúvidas aumentando ainda mais.
    - Oi. - Disse eu, um pouco nervosa. - Sobre o que você queria falar?
    - Queria pedir desculpas pela bola na sua cabeça. - Senti que não era aquilo que ele queria falar comigo. - Sou Connor Campbell. - Ele apertou minha mão com firmeza.
    - Delia Paraskevi.
    Olhei para o horário que ele tinha em mãos.
    - Você está na turma de Origens Mágicas, não é? - Apontei para o horário. - Eu também estou.
    - Que sortudo que sou. - Ele disse.
    E que sortuda sou! pensei.
    - Eu já sou um veterano, mas talvez estejamos nas mesmas turmas.
    - Além de meus amigos, você é a única pessoa que conheço. - Admiti.
    Ele olhou para mim com tranquilidade, mesmo que seus olhos azuis-metálicos faiscassem.
    - Que tal irmos ao ginásio? - Connor perguntou-me com um brilho nos olhos. - Podemos ver o time de futebol americano jogar.
    - Claro! - Disse eu. Ao menos alguma coisa normal por aqui.
    Saímos para o ginásio e nos deparamos com uma fila de gente, provavelmente esperando por alguma coisa. Ou alguém.
    - O que está acontecendo aqui? - Connor perguntou.
    - Suspenderam o jogo de hoje. - Alguém respondeu.
    - Mas quem seria? - Ele perguntou.
    - Jake Brian. - Uma garota respondeu. - Ele não pode fazer isso. Esse tipo de coisa é feita pelo administrador de esportes.
    - Bom, mas ele fez. Vou resolver isso. - Ele olhou para mim, e percebeu que eu estava confusa. - Jake é um cara da minha equipe de futebol. Ele pensa que pode fazer tudo, como isso, quando no caso eu que sou o administrador.
    - Hum... - Disse entendendo parcialmente, mas o suficiente para compreender a história. - Posso entrar com você?
    - Não. Espere eu voltar, pode ser perigoso.
    - Eu se me defender! - Disse eu, um pouco contrariada. - Pode ser uma confusão apenas.
    - Mesmo assim. Se eu demorar, você pode entrar - Disse ele.
    5, 10, 15 minutos passaram e Connor não havia voltado. Estranho.
    Fui ao ginásio, que estava um caos. Um garoto e Connor estavam brigando feio, com socos e xingamentos.
    - Você não manda em mim! - O garoto falou.
    - Jake, você não deveria ter cancelado o jogo. - Connor falou tentando acalmar Jake e desviando de um soco.
    - Mesmo você sendo o administrador de esportes, você continua não mandando em mim, idiota. - Jake disse com um sorriso com sangue.
    Corri ao encontro dos dois, que continuavam brigando.
    - Parem! - Falei, mas nenhum dos dois ouviu. - Por favor, parem - Nenhuma resposta. - PAREM!!!
    Os dois param e olharam-me.
    - A garota está nervosinha. - Jake disse com desdém, acariciando meu queixo.
    - Tire a mão de mim - Bati em sua mão.
    - Não fuja de mim, Ruiva. - Disse ele, acariciando meu queixo novamente.
    - Já disse para tirar a mão de mim! - Já estava irritada o suficiente para tentar dar um soco em Jake. - Connor, vamos sair daqui.
    - "Connor, vamos sair daqui" - Jake mimetizou. - Ruiva, você não manda nem em mim, nem em Connor. Você é uma idiota mesmo, que tenta mandar nos outros e que se acha a demais. Mas tem uma hora que você percebe que não é nada, apenas uma idiota.
    Aquela foi a gota d'água.
    - Muito bem, você que pediu. - Fui para trás e movi a mão, prendendo o garoto em um monte de cipós e raízes, e logo em seguida, fazendo surgir um longo tronco de raízes entrelaçadas, bem na frente do atrevido.  Novamente movi a mão e aquilo criou novas raízes e folhas, criando braços e pernas. O boneco começou a bater em Jake.
    Jake começou a se debater loucamente para libertar-se das raízes e cipós, mas seus pés estavam muito bem presos ao chão, enquanto seus braços estavam presos atrás das costas.
    - Não é assim que funciona. - Disse eu, muito irritada. - Vou dar algumas instruções: Você fica parado e o boneco te bate. Simples assim. Isto é, se você não colocar um novo jogo e não pedir desculpas para mim e para Connor.
    - Nunca. - Ele disse secamente.
    - Então não te libero.
    Ele iria ganhar mais um soco, quando moveu o rosto e resolveu se redimir.
    - Desculpe! Você nem Connor são idiotas e eu vou recolocar o jogo. - Gritou ele.
    Movi a mão novamente e o boneco sumiu, junto com as raízes que prendiam Jake.
     Andei até ele com uma expressão mínimamente mais calma.
    - Nunca meta comigo novamente. - Disse eu secamente, a quase um centímetro de seu rosto. - Entendido?
    Ele assentiu, com uma expressão assustada.
    - Ótimo, pode ir embora. - Disse, enquanto Jake corria para longe.
    - Onde aprendeu à fazer isso? - Connor perguntou maravilhado.
    - Quando se cresce isolada da família, se aprende coisas novas. - Dei de ombros e em seguida dei um sorriso. - Vamos embora, precisamos voltar para a sala.

    Seguimos quietos até a sala de aula, sem dizer nada um para o outro. Bocas quietas, mentes agitadas, é o que dizem e eu sou a prova viva disso. Vinha pensando desde a hora do almoço se não havia mais nada que Connor quisesse me dizer.
    - Delia, amanhã preciso falar com você. De verdade, desta vez.
    Muito bem, agora apenas amanhã eu saberia o que ele realmente queria me falar. E eu podia sentir que era importante.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Capítulo 3 - Primeiros Passos


    Acordei algum tempo depois, em um breu total, com apenas um pequeno facho de luz saindo pela janela, que já era suficiente para conseguir ter uma visão melhor do quarto. Estranhei o fato de Anna, Mia e Kath não estarem mais lá, pois fomos dormir simultaneamente. Rolei para a cama de Anna, que ficava ao lado da cômoda, e olhei o relógio.
    20h52min.
    - Dormi demais! - Disse eu levantando-me e pulando para fora da cama. Não me dei ao trabalho de arrumar a juba natural que tinha. Corri para fora da casa e vi o Sol se pondo e as estrelas aparecendo lentamente. Alguns estudantes colocavam suas esteiras no chão para observar a noite.
    Onde será que estão Mia, Kath e Anna? A escola é grande, pelo que notei, então será difícil encontrá-las.
    Resolvi que esperaria na frente da casa com uma esteira, assim como os alunos. Vi que uma estava livre e sentei nela. Como o céu estava lindo, com a lua crescente e as estrelas todas lá. Era verdadeiramente um milagre de Deus.
    Consultei meu relógio. Já eram 21h10min. Como o tempo passa rápido!
    - Hey! - Anna exclamou. - Você está aí!
    - E você está aí! - Repeti. Olhei em volta, procurando por Kath e Mia. - Onde Katherine e Amelia estão?
    - Devem estar por aí. - Ela abanou e depois apontou para a esteira. - Posso sentar?
    - Não estou te proibindo. - Dei um riso. Ela se sentou.
    - Eu cheguei a entrar no colégio, é bem grande. Vi no horário que talvez tenhamos aulas amanhã, mas só experimentais. Não precisamos ir se não quisermos.
    - São sobre o quê? - Perguntei a ela.
    - O básico daqui: Como controlar os poderes, usar asas ou qualquer coisa que nos faça voar... Esse tipo de coisa.
    - Hum... Então acho que vou.
    - Não se engane, terá também as matérias normais.- Ela advertiu.
    - Eu ainda vou na aula amanhã. Que horas é?
    - 7h45min.
    - Triste, mas eu vou. - Disse por fim. Consultei novamente meu relógio. - 21h30min. Vamos voltar para dentro.


***

    Quando amanheceu, eu já estava fora da cama. Não iria chegar no "primeiro dia de aula", - na verdade, um experimental - atrasada.
    - Vamos Anna! - Pulei em sua cama. Agora era eu que estava animada. - O Sol já saiu!
   O que estou dizendo? Odeio acordar cedo!, coloquei as mãos no rosto, em sentido de horror. Não importa, quero ir para lá!
    - Acordem! - Chacoalhei-as. Anna e Kath viraram para o outro lado, enquanto Mia resmungou algo que não consegui entender.
    Logo elas acordaram e me olharam, já pronta.
    - Vamos? - Disse colocando a mochila de alça.
    Fomos direto para o colégio. Fiquei maravilhada com o que aquilo era. Grande, antigo e atualizado ao mesmo tempo. Tinha os ladrilhos do chão e da parede brancos, com pequenos detalhes de azul, verde e outras cores que nem sabia que existiam. Do nada, algumas portas apareciam nas paredes e os alunos saíam de lá. Todos os estudantes que ali estavam, tinham uma mochila de alça que continham seus cadernos e livros e esferas iguais as que Aurich havia usado para abrir o portal. Todos ali também levavam suas asas fechadas. Todos tinham asas de "corpo" reto que fechavam em um "V", que assim ficavam pontiagudas.
    Me pergunto como será quando tiverem que ver humanos, o que farão dessas asas.
    - Ali é a nossa sala. - Amelia apontou para uma das portas que acabava de aparecer em uma das paredes.

Sala 203

    Era o que estava escrito na porta. Eu estava com o número da sala rabiscado em um papel, dado a mim por Michael. Não sabia como seria esta aula, mas não custava tentar descobrir.
     Entramos na sala. A primeira aula era de Dominação de Poderes.
    - Ainda temos 10 minutos, quer fazer o quê? - Kath perguntou-me.
    abri a boca para responder, mas antes que eu o fizesse, entrou um time completo de futebol americano na sala e como se tudo fosse normal ali, começaram a treinar no meio da sala.
    Por enquanto só havia eu, Kath, Anna, Mia e um bando de garotos jogando bola e correndo pela sala.
    - Podem treinar em outro lugar? - Pedi a eles.
    Nenhuma resposta veio em troca.
    - Parem por favor! - Novamente nenhuma resposta.
    Olhei para o lado e só vi uma bola vindo em minha direção e logo após disso, ela batendo contra o lado de minha cabeça.
    - Ai! - Exclamei, enquanto massageava o lado esquerdo da minha cabeça.
 Havia caído no chão, para minha desgraça.
    - Você está bem? - Uma voz masculina disse. Minha visão estava turva, então não conseguia distinguir quase nada.
    - Ruiva, você está bem? - Ele perguntou novamente. Minha visão se ajustou e eu consegui ver um garoto de olhos azuis e cabelos revoltos e castanhos. Ele estendeu a mão para eu levantar.
    - Sim, estou. - Consegui dizer isto antes que a professora entrasse na sala.
    Ela esperou que todos os alunos entrassem na sala e se aquietarem.
    - Meu nome é Ruby Stevens, e sou sua professora de Dominação de Poderes. Vocês já devem ter algum controle sobre seus poderes e isso é bom. Aqui, eu não só ensinarei como dominá-los, mas também como usá-los e como vocês podem descobrir suas diferentes formas e feitiços com base neles. Terão
também a história de suas origens.
    Pena que eu não sou uma Crystale.
    - Mesmo para quem não é uma Crystale ou um Elfo, eu vou passar a suas origens também. - Disse ela, como se lesse meus pensamentos. Ela estava olhando diretamente para mim.
    Começou então a passar uma fórmula no quadro branco e eu comecei a copiar.
    Ruby é doce, mas parece severa, pensei enquanto olhava para o quadro branco, onde se estendia uma grande explicação de como usar e controlar os poderes de Elfos, Crystales e Ninfas, e não pára de passar coisas no quadro!, assoprei uma mecha de meu cabelo que caia em meu rosto.
     - Espero que a próxima aula seja boa. - Cochichei para Kath.
     - Não tem próxima aula. Isto é só um experimental, depois daqui é o almoço e então teremos a tarde livre.
     - Que bom. - Disse pouco animada. Esperava ter algum tempo a mais de aulas, assim como um dia normal.
    Recebi um cutucão nas costas. Me virei e vi que era do garoto que havia me acertado com a bola na cabeça. Ele entregou-me um bilhete.
    Encontre-me no almoço. Quero falar com você.
    Era engraçado falar com alguém que eu havia conhecido por causa de uma bola de futebol americano. Assenti, perguntando-me o que ele queria falar comigo.
-------------
Oi! Como terminei antes esse post, eu resolvi adiantá-lo, mas segundo o cronograma, eu deveria postá-lo dia 30 de maio. Espero que gostem!
Beijos Gio.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Capítulo 2 - A Escola Nova


    - Acorde. - Alguém falou. Abri os olhos sonolenta como sempre e vi Katherine ao meu lado olhando-me com seus grandes olhos azuis.
    - Que horas são? - Perguntei ainda cansada.
    - Cinco da manhã. - Ela disse animada. - Não é ótimo? Esta será a nossa primeira missão juntos!
    Não sei se poderia chamar aquilo de "missão", mas soava até que legal, considerando que eu estava saindo de casa às 5h com um bando de amigos de 15, 16 e 17 anos e um adulto, para escapar de alguém que está tentando me matar.
    Pois é, adoro.
    Ela conseguiu convencer-me a colocar uma roupa descente (Um par de botas pretas peludas, uma blusa azul de mangas curtas e uma jeans), senão eu sairia de pijama mesmo.
    Saímos sem fazer nenhum barulho e sem acender nenhuma das luzes, tentando não acordar ninguém. Íamos abrir a porta, quando Papai apareceu de repente.
    - O que estão fazendo? - Disse ele com uma voz tão acordada, que acabei desconfiando se ele realmente estava dormindo.
    - Saindo. - Disse eu.
    Ele olhou-nos estranhamente. Uma atmosfera triste se encontrava ao seu redor.
    - Sua mãe já me contou tudo. Você realmente precisa ir.
    Senti que meu coração se quebraria em mil pedaços apenas por ir embora desse jeito, mas este era meu destino.
    - Sentirei sua falta. - Abracei-o com força.
    Virei-me e deixei-o no escuro da sala de entrada, com apenas uma vela para iluminar seu caminho.

    Corremos até a colina de Bordeaux com o sol nascendo atrás de nós. Sempre observei o nascer do Sol da janela do meu quarto, mas nunca havia sentido tal energia apenas por estar em outro lugar. Parecia que aquele lugar era mágico ou coisa assim. Meus cabelos ruivos ganharam um novo brilho na luz dourada do Sol.
    Encontramos o resto dos meus amigos no topo da colina.
    - Que bom que chegaram. Temia que vocês não viessem mais. - Aurich falou com um sorriso no rosto. Olhou para seu relógio de bolso. - Estamos atrasados. Vamos antes que as pessoas comecem a chegar.
    - Quem viria para cá às 5h30min da manhã? - Nicholas perguntou.
    - Muitas pessoas que gostam de observar o nascer do Sol, Nick. - William disse.
    De fato, muitas pessoas já começavam a aparecer ao longe, com toalhas de piquenique e cadeiras para admirar esta paisagem do reino com a linda luz alaranjada da alvorada.
    - É melhor nós irmos então. - Katherine falou.
    - Para onde vamos? - Perguntei.
    - Para um lugar onde você não estará em perigo. - Aurich respondeu. - Amelia, me passe aquela esfera, por favor. - Ela lhe alcançou a esfera azul e ele a atirou no chão. O objeto se despedaçou e formou um  pequeno vórtice.
    - Iremos passar por este portal para chegar em outra dimensão, na sua verdadeira casa Delia. - Ele colocou sua mão em meu ombro.

    Pulamos no vórtice e alguns segundos depois, nós estávamos em um lugar completamente diferente da dimensão anterior. Havia garotas e garotos voando pelo ar e anões e gnomos correndo com papéis debaixo do braço (provavelmente estavam atrasados para o trabalho). As casas pareciam terem sido retiradas de um catálogo de casas de boneca, de tão delicadas que eram. Um castelo majestoso se erguia no fundo da paisagem primaveril.
    - Vê aquele castelo? - Aurich disse, apontando para ele.
    - Sim, por quê? - Respondi.
    - Aquilo lhe pertence. - Ele respondeu com um sorriso. - Você mora lá.
    - Minha casa? Aquilo lá é minha casa? - Disse eu, pasma. - Não pode ser. - Havia me acostumado a viver em uma casa com pelo menos um andar e uma varanda no meu quarto, não um castelo.
    - Lembra que eu disse que sua família é da mesma linhagem que você?
     Apenas assenti, ainda boquiaberta.
    - Você é a filha de Tibério e Vivian Paraskevi, os reis de Corialle. Eles tiveram que ir para o Outro Mundo para lhe educar. Eles queriam que você soubesse lidar com humanos, caso precisasse. - Ele disse.
    - Mas agora eu não sei como lidar com... isso! - Apontei para os seres que passavam.
    - As garotas são Crystales e os garotos são elfos. Crystales são seres da mesma altura que elfos, mas menores que fadas. Você vai saber lidar com eles. Você vai se acostumar. - Ele disse com sua calma eterna.
    Seguimos para o colégio. Ele era muito grande, com um prédio antigo, mas muito bem conservado, várias casas de madeira em volta com jardins e flores na varanda. Provavelmente deveriam ser as os dormitórios dos estudantes, pois vi algumas garotas entrando em uma delas, com azaléias enfeitando a entrada e a varanda da casa.
    - Bem-vindos à Harmony School. - Disse um adolescente de mais ou menos 16 anos. - Sou Michael Cartazzi, monitor do colégio.
    - Delia Paraskevi. - Apertei sua mão com firmeza.
    - Katherine Woodhaven. - Disse ela alegremente.
    - Amelia Thompson. - Igualmente apertou sua mão.
    - Anna Dubois. - Ela falou meneando a cabeça.
    - William Roberts. - Falou dando um passo a frente.
    - Nicholas Roberts. - Disse com indiferença.
    Michael olhou-me detalhadamente, cada fio de cabelo, cada sarda em meu rosto e cada costura de minha roupa.
    - Onde ficaremos? - Amelia perguntou.
    - Ali. - Ele apontou para uma das casas que ficava no jardim. Era enfeitada com rosas e amores-perfeitos na varanda e havia uma placa com nossos nomes e mais alguns escritos.

Amelia Thompson
Anna Dubois
Charlotte LaRouge
Delia Paraskevi
Katherine Woodhaven
Sophie Snow

    Parecia que teremos novas colegas de quarto.
    O jardim da frente tinha uma variedade de árvores, que eu nem conhecia. Também havia uma grande árvore que fazia sombra refrescante para quem passasse. Apesar de grande, ocupava um pequeno espaço do jardim. Seria perfeito ficar lendo um livro debaixo dela.
    - Que lindo! - Exclamei. - Parece que sabiam o quanto eu adoro a natureza.
    - E sabemos. - Michael falou. - Na sua ficha de inscrição, aparecem todos os detalhes de sua personalidade. Fazemos isso para saber quais matérias você gosta de estudar, seus interesses e qual seria a casa perfeita para você ficar. - Ele olhou para a casa e depois para nós. - Ali é onde as garotas ficam e lá onde os garotos ficam - Ele apontou para outra casa, sem flores e sem nenhum jardim em volta, apenas ladrilhos brancos no chão.
    - Ótimo. - William disse. Ele e Nick pareceram contentes com a escolha da casa.
    - Uma última coisa. - Michael tirou cinco panfletos do bolso. - Este é o mapa da escola. Vocês vão precisar se orientar para encontrar as salas de aula. Até mais. - Ele se virou e foi embora.
    Percebi que a escola possuía 3 andares, mais o ginásio do lado de fora. O primeiro andar tinha a entrada e a lanchonete, no segundo andar tinha a enfermaria e a biblioteca e no terceiro andar tinha as salas de aula e a sala do diretor.
    - As aulas começarão na semana que vem. Os alunos só vem aqui para conhecer o colégio e reservar suas casas. - Aurich disse. Ele consultou seu relógio de bolso. - Olhe a hora, estou atrasado! Bom, tenho que ir. Se precisarem de mim, me encontrarão na sala do diretor ou no subterrâneo. - Ele saiu apressado e entrou no colégio.
    - Já mandei ele se atualizar e comprar um relógio de pulso. - Falei brincando.
     Entramos na casa e acabei perdendo o fôlego. Era linda por dentro e muito delicada. As paredes eram de um tom de rosa que ficava entre o cor-de-pele e o branco, quase imperceptível. Haviam bibelôs em cima da estante e um apanhador de sonhos pendurado em cima de cada cama. Estas eram entiquetadas com nossos nomes, com uma cortina de seda para maior privacidade. As janelas eram brancas, com um parapeito para nós sentarmos.
    O sol entrou por uma das janelas e bateu no panfleto que Michael me dera. Virei-o que tinha em mãos e vi um anúncio.
    - Terá um baile de máscaras no domingo! - Katherine anunciou ao ver a reportagem por cima de meu ombro. - "Baile de Máscaras de Boas-Vindas do Colégio Heaven School". Estou tão empolgada!
   - Será ótimo ter um baile aqui. Nosso primeiro baile juntas! - Anna disse.
    - Será incrível! Imaginem os vestidos que nós usaremos. - Amelia meneou o quadril. - Perfeitos!
    - Acalmem-se. - Disse eu. - Nós ainda temos a semana inteira para conseguir os vestidos e as máscaras. Além do mais, nós teremos aulas na segunda-feira. Então não poderemos ficar lá por muito tempo.
    - Aqui diz que acaba à meia-noite. - Anna disse. - Nós com certeza conseguiremos acordar cedo no dia seguinte, mas com muita força de vontade.
    - Além do mais, é a virada do ano! Nós temos que ficar até o fim! - Katherine fez uma cara de cachorrinho. - Por favor!
   As outras duas imitaram o gesto de Kathy e depois juntaram as mãos em modo de súplica.
    - Muito bem, ficaremos até o fim! - Acabei dando trégua. Elas me abraçaram felizes. - Mas não reclamem se não conseguirem acordar no outro dia!
    - Prometemos! - Exclamaram em uníssono.
    - Vou descansar um pouco, acordamos às 5h00 e não dormimos mais. - Bocejei. Era mais ou menos 7h45min naquele momento e fui direto para minha cama, entre Kathy e Anna.
    - Boa Manhã. - Brinquei, enquanto bocejava e fechava meus olhos.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Cronograma - Filha da Lua

    Oi Pandas perfeitos da minha vida!
    Então, eu estive pensando em criar um cronograma (a diva da Juliana, do blog: Ser Escritora, me deu a inspiração *-*) para vocês ficarem atualizados no Livro:


    Sobre as postagens: Talvez eu adiante algumas postagens se eu acabar antes (pouco provável), mas por enquanto será isto aqui.

    Beijos!! ;)

    Giovanna.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Capítulo 1 - O Início de Tudo

                     

    "Não se preocupe, apenas esconda a marca e seja normal", pensei. Não queria que descobrissem meu segredo logo no meu aniversário muito menos estragar a festa de meus amigos e familiares. Eu precisava de alguma para esconder a marca de Lua (que ficava abaixo da minha clavícula), como um cachecol ou uma manta.
    Não estou reclamando, eu até me orgulho dela. Quando Aurich, o Mestre da Alta Ordem dos Guardiões me contou que eu era uma Filha da Lua, percebi que eu teria de manter sigilo de tudo e de todos.
    - Você tem uma grande capacidade e é a única descendente de Elizabeth, a primeira Guardiã, mas mesmo sendo uma Guardiã, você também é uma Filha da Lua. - Disse ele sorrindo. - Curioso, não? Você ser uma Guardiã e uma Filha da Lua ao mesmo tempo. Delia, com certeza você tem muita sorte de vir de linhagens como estas.
    - Não fui eu que decidi ter este destino. Você não sabe como é difícil ter que esconder isso da própria família.
    Ele olhou-me com seu rosto bondoso.
    - Tudo vai ficar bem. Você não precisa manter segredo deles.
    - Tenho medo de que eles não compreendam.
    - Compreender o quê? - Perguntou ele. - São sua família, nade de mal pode acontecer-lhe. Afinal, eles vêm da mesma linhagem que você.
    Não disse mais nenhuma palavra.
    - Não se preocupe. - Ele disse virando-se e sorrindo. - Tudo vai ficar bem. - Sua voz ficava mais fraca enquanto eu parava de divagar.

***

    - Delia. - Alguém batia na porta do quarto. Era Mamãe. - Delia, Katherine já está aqui.
    - Katherine? Apenas ela?
    - Não, seus primos também estão aqui. - Ela fitou-me significativamente com seus olhos azuis. Eu sabia o que estava acontecendo. Meus primos eram mais velhos que eu, pareciam não gostar de mim e com certeza contariam sobre mim, mesmo eu tendo pedido milhares de vezes para não o fazerem.
    - Mande somente Katherine entrar. - Disse eu, saindo de meus pensamentos. Essa é a vida de um sonhador: Estar sempre no mundo da Lua. Mamãe assentiu e saiu deixando-me com uma preocupação grande demais para o momento. 
    - Hey! - Katherine entrou no quarto. - Como vai a vida?
    - Por enquanto vai bem. Espere só até algum de meus primos descobrir sobre a Ordem.
    - Relaxe, você anda muito nervosa ultimamente. - Ela sentou ao meu lado na borda da cama.
    - Você sabe se os outros vêm? - Perguntei a ela.
    - Eles vêm sim. Aquelas quatro pestes não vão demorar, isso se Amelia terminar de arrumar o vestido e outros detalhes.
    - Entendo. - Disse sorrindo.
    Fez-se um longo silêncio.
    - Vamos para a sala? - Katherine perguntou depois de algum tempo.
    - Claro! Só deixe-me pegar este casaco. - Peguei um da mesma cor do vestido rosa-claro que eu usava.
    Fomos para a sala e esperamos meus amigos chegarem enquanto sentávamos desconfortavelmente nas poltronas da sala com os olhares estranhos de minha família pairando sobre nós.
    Senti que eles não me queriam ali e que eu não era bem-vinda. Nunca gostara realmente de meus primos mais velhos, sempre que íamos nos visitar, nós nos limitávamos a nos olhar desconfortavelmente uns aos outros.
    Eles olhavam-me com aversão infinita e pareciam não me reconhecer mais.
    Sempre aceitara o fato de ser diferente e estranha, mas não merecia tanta desconsideração assim, afinal eu não sou um monstro, sou?

    Com um estrondo a porta se abriu e cinco vultos apareceram em meio de uma chuvarada. Eram meus amigos que finalmente chegavam e meu pai estava junto, chegando de uma viagem longa para Londres.
    - Graças a Deus! - Murmurei.
    - Entrem, vocês devem estar com frio. Vou buscar cobertores para vocês. - Mamãe disse suavemente saindo da sala.
    - Onde vocês estavam? - Perguntei aliviada.
    - O trem acabou saindo mais tarde por causa da chuva e acabamos demorando. - Amelia falou. - Trouxemos um presente de aniversário para você. - Ela estendeu-me uma pequena caixinha de veludo. Abri e vi que continha um pequeno colar com o pingente do famoso Olho de Hórus.
    - Obrigada! - Abracei-os.
    - Agora você não precisa ficar paranoica com a possibilidade de outras pessoas te descobrirem. - Nicholas falou.
    - Cale a boca! - Amelia repreendeu-o. - Ele não sabe o que está falando.
    Limitei-me a abafar uma risada. Não podia acreditar que tudo estava correndo tão bem, pois sempre acaba acontecendo alguma coisa terrivelmente ruim a mim.
    Mamãe entrou na sala com os cobertores.
    - Querida, você pode vir aqui? Preciso falar com você. - Ela me chamou.
    Não sai por que, mas fiquei com um leve pressentimento que as coisas mudariam em pouco tempo.

***

    Entramos na cozinha e Mamãe trancou a porta. Isso apenas aumentou o mau pressentimento que estava tendo.
    - Victor voltou. - Disse ela rapidamente
    E, confirmado.
    - Como assim voltou? Não era para ele estar morto? - Perguntei.
    - Tudo o que você tem que fazer é se proteger e tudo ficará bem. - Ela olhou diretamente para o meu colar. - Sabe este colar que você ganhou?
    - Sim, por quê? - Disse com uma leve dor de cabeça.
    - Ele está enfeitiçado para protegê-la de qualquer mal que acontecer contra você.  Foi um feitiço que Aurich lhe mandou.
    - Eles ficaram sabendo? - Perguntei.
    - Sim. - Ela disse simplesmente.
    Neste instante, meus amigos entraram pela porta
    - Por que vocês não me falaram?
    - Aurich mandou. Não podia deixar que alguma coisa de errado acontecesse com você, sabe o quanto você é importante para nós e é como uma irmã para mim. - Katherine falou tentando amenizar uma raiva que estava se formando dentro de mim.
   - Podiam ter pelo menos me avisado que alguma coisa aconteceria. - Disse eu recobrando a calma. - Tudo bem, não precisamos discutir isso agora. O que faremos?
   - Vocês precisam sair desta cidade. - Disse Mamãe um pouco receosa. - Não queria que isso tivesse de acontecer, mas é preciso. É o único jeito de te proteger.
    Não precisava de mais nenhuma explicação para saber que todos ali faziam isso para me proteger.


***

    Resolvi deitar-me mais cedo naquela noite, logo após de todos irem embora.
    - Delia - Era Mamãe batendo na porta de meu quarto novamente.
    - Preciso falar com você.
    - Sobre o quê, querida? - Ela perguntou docemente.
    Hesitei por um instante. Não sabia se poderia fazer aquela pergunta, afinal parecia ser proibida para mim.
   - Por que Victor vem atrás de mim? Eu não lhe fiz nada!
   - Isso não é uma pergunta apropriada para fazer a mim, e sim para Aurich. Agora, vá dormir, pois você tem um dia longo pela frente. - Ela me beijou na testa.
    Era verdade, eu havia prometido a eles que os encontraria na colina de Bordeaux bem cedo. Ainda não tinha certeza de que eu conseguiria sair daqui sem chamar nenhuma atenção. Não, aquela não era a hora de me preocupar com isso, e sim amanhã.
    Sabia que minha vida mudaria radicalmente no outro dia.