sexta-feira, 10 de abril de 2015

Capítulo 14 - Veneza Por Quê Não? - Parte 1

    Já era tarde quando saí do meio da festa. O rapaz havia me deixado lá com uma rosa na mão e um tanto confusa. Onde eu já vi isso?
    O que raios eu ainda fazia naquele lugar, praticamente vazio, horas depois dos festejos de Carnaval? Eu deveria estar procurando as mascaradas, ou algum lugar para ficar, mas não conseguia me mover de onde estava.
    Não conseguia tirar Guillermo da cabeça, mesmo que fizesse um enorme esforço. Eu deveria esquecê-lo, eu já tinha um namorado. Um namorado que eu nunca mais veria. Talvez fosse hora de seguir em frente e encarar os fatos: Talvez eu não consiga voltar para Corialle ou trazer meus amigos de volta, ou pior, nunca conseguir quebrar a Maldição. Um calafrio percorreu minha coluna, alcançando cada parte de cada nervo meu. Eu tinha tão pouca informação sobre ela, mas não era idiota, não deixaria que se concretizasse. Ou deixaria? É tão difícil!
    Para variar, tentei achar algum banco em uma praça, ou alguma hospedaria, mesmo duvidando que abrissem naquela hora. Eu sentia dor nos pés e nas costas de tanto caminhar e dançar. O salto machucava meus pés e minhas asas remexiam-se dentro de mim, e acredite, isso doía muito. Eu precisava liberá-las, mas sem ninguém vê-las.
    Lentamente comecei a abri-las, cuidando para não rasgar minha roupa ou que ninguém me visse ou ouvisse. Uma sensação de alívio se espalhou por meu corpo, me fazendo lembrar o longo tempo que não esticava as asas. Como era bom!
    Resolvi deixá-las fechadas e abaixadas e não recolhê-las, afinal, era noite e ninguém poderia notar que eu estava ali. Em vez de simplesmente procurar um lugar para dormir, poderia simplesmente dormir no telhado de alguém e esperar ser acordada pelo nascer do Sol. Não era má ideia.
    Andei até a construção do palacete da Duquezza, que parecia ainda maior sob a luz do luar.
    Me pergunto se ela se incomodaria de ver alguém dormindo no seu telhado.
    Comecei a passear por entre as sombras e os pilares, mesmo sabendo que naquela hora da noite era proibido, mas o que era uma regra quebrada diante da minha situação atual? Eu conseguia ver os guardas parados nas entradas, alertas, esperando algo acontecer.
    Não me importei muito com eles e fui para a parte de trás do palacete, onde voei até a parte menos perigosa do telhado. Minha cabeça dava voltas e eu estava completamente confusa sobre o que deveria fazer.
    - Se tudo fosse mais fácil... - Murmurei.
    Ouvi passos, me fazendo congelar no mesmo instante. Recolhi as asas o mais rápido que pude, até que um pequeno alçapão se abriu diante de mim e uma jovem mulher saiu dele com uma lanterna na mão.
    Droga!
    - Quem é você e o que está fazendo aqui? - Ela perguntou.
    Ainda congelada, não respondi. Comecei a andar para trás, porém cuidando para não escorregar do telhado.
    - Diga! - Ela inquiriu.
    - Delia. - Falei. Por que não dei um nome falso? Burra! Burra! Burra!
    - Você não parece ser daqui. - ela disse desconfiada.
    - Não sou. - Admiti. - E você quem é?
    - Eu sou a Duquezza Victoria. - Ela falou altiva. Estava com uma máscara, mesmo estando de camisola. Tinha olhos azuis e os cabelos castanhos ondulados, parecia ser um pouco mais velha que eu. Muito pouco. - O que você está fazendo aqui? E como subiu no telhado?
    - Eu tenho habilidades. - Falei convincentemente.
    - Sei... - Ela falou desconfiada. - Esqueçamos tudo isso, é melhor você entrar antes que alguém a veja aqui em cima.
    Acompanhei-a até a entrada do alçapão descendo as escadas até chegar em um corredor magnífico e extenso, com um tapete vermelho no chão.
    - Aqui é o meu quarto. - Ela apontou para a porta ao seu lado. - Você pode ficar aqui comigo, enquanto não encontro um quarto provisório.
    Entrei e dei uma boa olhada: Ele enorme, com uma cama gigantesca e muitos enfeites nas paredes. O espelho era enfeitados com rococós e parecia ser feito de mármore. Seu quarto tinha uma sacada, provavelmente a qual ela apareceu mais cedo naquela noite.
    - É melhor você ir dormir. Já são quase 3h da manhã.
    Comecei a ficar com muito sono, já não podendo distinguir o formato das coisas e caí no chão, praticamente desmaiada.
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Muito bem, sei que prometi o capítulo para no máximo terça-feira, mas realmente tudo está um pouco corrido para mim ultimamente. Este capítulo deve ter ficado um pouco curto, mas eu queria postar o quanto antes o possível.
Beijos e bom fim de semana.

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