quinta-feira, 12 de março de 2015

Capítulo 13 - Stravaganza!


    Ainda com o diário na mão, corri para minha cama e me cobri até o pescoço. A porta estava trancada, então eu poderia garantir que ninguém me incomodaria.
    Sabendo da Revolução - que foi muito recente -, dos meus amigos que foram mortos, dos meus irmãos desaparecidos e da maldição, tudo ficava ainda mais difícil.
    Quando foi a Revolução? Eu deveria ter uns 6 ou 7 anos de idade. Duvido que ela tenha acabado tão cedo. Provavelmente ainda existem alguns rebeldes à solta e prontos para continuar o conflito.
    Seja como for, eu ainda não tenho um plano de ação, então é melhor eu começar a pensar.
    Eu poderia esperar as mascaradas aparecerem, ou procurar por elas. Se eu resolver procurar as mascaradas, é provável que elas não apareçam e posso muito bem acabar morta. Novamente.
    Este é um dos momentos que eu precisava que Amelia estivesse aqui comigo.
    A simples menção ao seu nome fazia meu estômago embrulhar, assim como o nome de Katherine, Anna, Nicholas e William.
    Tentei pensar em algo mais, como um lugar para ir, para conseguir informações, mas não consegui pensar em nada.
    A menos que... Aquela era uma ideia arriscada, mas poderia dar certo. Procurei por papel e caneta e deixei um bilhete para qualquer um que resolvesse entrar na casa, troquei a roupa por um casaco, camiseta de mangas compridas, outro jeans surrado, cachecol, botas e um gorro. Desta vez, eu iria para o Mundo Humano procurar por ajuda e, talvez, conseguir roupas novas.
    Como se eu me preocupasse com isso agora.
    Eu havia "pego emprestado" de Christine uma bolsa cheia de esferas, para conseguir me teleportar para talvez o único lugar que eu conseguiria encontrar algumas pistas de onde os meus irmãos estariam.
    Ou não.
    Não custava tentar a sorte.
    Peguei uma das esferas da bolsa e joguei no chão com força, pensando onde eu iria.

***
    Itália, 22 de fevereiro - Carnaval
 
    Eu havia chegado bem onde eu queria, porém na pior época possível. O Carnaval. Claro, não é como em certos lugares em que você se veste como se estivesse indo para a piscina, era absolutamente maravilhoso. Em vez das roupas de banho com glitter dourado, eram vestidos do século 18, com babados e enfeites delicados. As moças tinham máscaras nos rostos - suas tão famosas máscaras venezianas -, com penas, joias e pequenos desenhos as adornando. Os rapazes também levavam máscaras, muito simples, mas muito bem trabalhadas.
    Eu me sentia uma intrusa ali, com roupas de viagem e nem um pouco no clima de festa. Corri para a loja mais próxima que estivesse aberta e comprei o melhor vestido que consegui encontrar: Era roxo com vinho e a máscara dourada vinha de acompanhamento, com penas e joias a enfeitando. Consegui encontrar saltos altos que cobinavam com tudo. Paguei e vesti a roupa, que incrivelmente era muito mais confortável do que aparentava.
    Quando saía da loja, já toda arrumada, esbarrei em um rapaz alto e com cabelos pretos. Seu rosto estava escondido pela máscara prateada, apenas mostrando seus olhos azuis.   
    - Me desculpe! - Ele disse, se apressando em me levantar do chão. - Eu não havia visto você. - Percebi que ele tinha um pequeno sotaque italiano, quase imperceptível. Ele deveria ter 16 ou 17 anos.
    - Tudo bem. - Falei tirando a poeira do vestido. - Deve ser um pouco difícil sair dessa multidão.
    - Com certeza, mas isso vale totalmente a pena. - Ele apontou para a festa. As pessoas dançavam valsa enquanto a música tocava. Havia pelo menos 1000 pessoas reunidas em um só local. - Você não é daqui, não é? Digo, de Veneza.
    Por um momento eu não soube como responder. De acordo com o mapa dos dois mundos, Corialle seria um reino onde corresponderia a Moscou, na Rússia. Obviamente eu não poderia contar de onde eu era, ou de quem eu era.
    - Não, eu não sou daqui. - Minha voz saira um pouco trêmula. - Sou de Moscou.
    - Che bello! - Ele exclamou sorrindo. - Sempre quis ir para lá. Quer dar uma volta? Aqui tem muito barulho.
    - Pode ser. Sempre quis vir para cá.
    Saímos da festa e andamos até um jardim na cidade, com colunas de flores e pomares em todo o lugar.
    - Este é o meu lugar favorito em toda a cidade. - Ele comentou. - Eu vinha aqui quando era menor, então já conheço tudo. - O rapaz falou admirando o entardecer. A luz do sol batia nas árvores, fazendo com que adquirissem um brilho dourado.
    - Eu nunca estive em um ligar assim. - Falei maravilhada. - Nunca tive a chance de poder vir para a Itália.
    - Como assim?
    - Sabe, nós nunca pudemos sair muito de casa. Meus pais sempre trabalharam demais e nunca conseguíamos viajar. - Menti um pouco. Não era completamente uma mentira, mas também não era totalmente verdade. Meus pais trabalhavam, mas no palácio.
    Não me julguem.
    - Não cheguei a perguntar o seu nome. Como se chama?
    - Delia. E o seu?
    - Guillermo.
    Olhei para o céu, contemplando as estrelas que surgiam. Anoitecia rapidamente e eu deveria voltar.
    - Não seria melhor nós voltarmos? Já está ficando tarde. - Comentei.
    - Talvez. Iremos para a festa, agora os festejos realmente começam.
    - Como assim? - Perguntei curiosa.
    - É uma surpresa.
    Chegamos quando todos dançavam animadamente, até que a música parou repentinamente. Na sacada de um prédio antigo mais à frente, um homem começou a falar.
    - Senhoras e Senhores, dentro de alguns minutos o show anual de fogos de artifício do senhor Manzziare começará. Este espetáculo será excepcional, pois a Duquezza Victoria estará presente. Então, aproveitem.
    Uma salva de palmas foi ressoada, enquanto a Duquezza aparecia na sacada. Ela acenava para todos no andar de baixo sorrindo alegremente.
    - Que comecem os fogos! - Ela anunciou.
    Os fogos de artifício estouravam no céu multicoloridos, formando desenhos no ar. Um deles formou um desenho de um leão escarlate sobre as duas patas traseiras, outro foi uma águia pescando um peixe,  e algum tempo depois, uma máscara prateada gigante, muito semelhante a que eu tinha guardada no Refúgio, foi lançada no ar. Todos comemoraram após este último, e eu sentia um misto de alegria, êxtase e preocupação.
    - Bella Dama. - Ouvi Guillermo chamando. - Surpresa!
    - Foi realmente muito lindo. - Falei extasiada pelo show. - Todo ano é assim?
    - Mais ou menos. Nós temos a festa de carnaval com o show de fogos todo o ano, mas este foi diferente. Eu nunca havia visto desenhos como estes antes!
    - Nem eu. - Falei ainda desconfortável. Notei que ele olhava para mim de uma forma diferente, como nunca tinha visto em ninguém antes.
    Ele me enlaçou e me beijou carinhosamente, me fazendo esquecer de todos os meus problemas.
    - Quando poderemos nos ver novamente? - Ele perguntou após tudo ter terminado.
    - Eu ainda não sei. Talvez eu fique por alguns dias aqui. - Respondi um pouco zonza. - Mas não garanto nada.
    - Espero que fique mesmo. - Guillermo sorriu.

***

    Faltavam dez segundos para a meia-noite, e todos esperavam o final da quarta-feira de cinzas.
    - 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1...
    - STRAVAGANZA!!! - Todos gritaram. As pessoas voltaram a dançar, mais alegremente, como se aquilo fosse o Ano-Novo, mas era apenas o último dia do carnaval.
    - O que significa isso? - Perguntei. - Não estou acostumada ao italiano.
    - Isto é como um grito de guerra da cidade. - Ele deu de ombros. - Bom, agora preciso ir. Nos vemos depois, Bella Dama. - Ele jogou uma rosa para mim e desapareceu na multidão.

4 comentários:

  1. Gio quando vc posta????? To quase morrendo de curiosidade aqui!!!!

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    1. Hahaha, bom saber ;)
      Talvez em 2 dias, pois amanhã eu tenho um teste e uma premiação (não minha :\) à noite, então talvez na sexta mesmo.
      Beijos Gio ♥

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  2. Gio, sem querer ser chata mas quando vc posta?

    Bruna

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    1. Oii Bruna!
      Eu vou tentar até o feriado, no máximo até segunda ou terça, extrapolando os limites.
      Não consegui escrever muito, pois o meu computador estava travando demais, o tablet com pouquíssima bateria... Um horror! Só agora consegui trocar o PC e conseguir uma bateria portátil. Eu também estou me dividindo para acabar este livro e escrever o resto de um projeto de livro que comecei nas férias (o que foi uma péssima ideia, ao julgar que também preciso me dedicar a este).
      Hahahaha, não está sendo chata não, eu até precisava deste puxão de orelha.
      Beijos Gio. ;)

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